Num dia que já havia se tornado comum, eu estava jogando videogame com o Duka, quando minha mãe apareceu na porta do quarto e disse que o Nick estava no portão. Ela tinha dito que o Duka estava lá, então ele não quis entrar; mas isso nós percebemos no silêncio. Então o Duka se levantou e foi vestindo a blusa de frio que estava amarrada em sua cintura há segundos.
-Ahm, mande-o entrar, Du. Eu já ‘tava indo mesmo, então... – Não estava. Mas achei que se o Nicolas tinha aparecido, é porque tinha algo importante pra dizer. Duka ajeitou os óculos que entortaram em seu rosto quando ele vestiu a blusa parda.
- Mãe, diz pro Nick... digo, Nicolas subir, então.
Ela só olhou um olhar meio desconfiado e saiu do quarto com ar de relutância. Duka se despediu um pouco desanimado. Imaginei Duka e Nicolas se encontrando e se cumprimentando brevemente no quintal enquanto enrolava os controles nos fios do videogame.
-Opa! – o rosto perfeito de Nicolas surgiu na minha porta, com certo receio, pedindo pra entrar.
- Entra ai, Nicolau. – arrisquei.
- Ah, cala a boca.
Ele tinha alguns papéis enfeitados nas mãos.
- Olha, não vou tomar muito tempo de você não. É só pra convidar pra festa da Achila. Sabe como é, 15 anos e tal, ela quer que meus amigos vão, é uma desculpa pra ela se aproximar de vocês... Só deixei o Duka ir embora porque ela não gosta muito dele e não o convidou, ficaria chato.
-Entendo. Mas Nicolas, – soava estranho chamá-lo de Nick agora – você não acha muito estranho isso? Não sei, não sei nada sobre sua namorada e não sei o que dar de presente nem nada...
-Leva maquiagem de marca, pede umas dicas pra Mi, não sei. Ah, e se puder, entrega o convite dela também. – e me esticou dois envelopes, com os nomes Eduardo Martins e Milena Linzzaro com letras bem desenhadas.
-Não sei como vou fazer isso, Nicolas. Sabe, assim como você, não tenho contato com ela agora.
-Mas sua situação não é pior que a minha, cara. – Aquela briga. É mesmo. – Vou fazer uma homenagem-declaração pra Achila. Dessas que todo mundo na cidade vai zoar...
-Pois é, milagres acontecem, né? Nicolas Ferraz se apaixonou mesmo, afinal.
Nicolas deu uns murrinhos com a parte de trás da mão na parede, desencostou o corpo dali e anunciou que estava indo embora, pedindo pra que eu realmente fosse à festa.
-Acho que vou sim... Vai ser no fim de semana seguinte ao término das provas, e logo estaremos de férias... Ótima época para dar uma festa, a Paris Hilton é esperta.
-Não a chame de Paris Hilton, Du. Nada a ver... – ficou quieto por um ou dois minutos. – Vou lá, Du. Vê se vai mesmo, hein? É muito importante pra Achila. – E foi embora, mas não sem antes se esbaldar com o Regime.
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