segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vinicius

Eles sempre acham um lugar para viver sem medo; um cantinho que seja. Eu não. O tempo todo estou criando versões de mim mesmo, escolhendo qual é a melhor para o momento. Ninguém me vê de verdade.

Gritei, mas ninguém ouviu. Acho que é porque não imaginamos mesmo o que os outros pensam, ou talvez seja só egoísmo sobrando.

Morro um pouquinho todos os dias, planejando tudo com carinho. Morro um pouquinho mais ao prender a respiração.
Juro que não vi como isso cresceu, não sei como a dor se tornou do tamanho de algo maior que eu, maior que a alma, maior, tão maior... Ninguém me vê de verdade.

Não culpo ninguém. Isso é sobre o que eu fiz. Mas são detalhes. Os meus motivos são um detalhe. Não culpar ninguém talvez seja muito pior. Estar cego é bem mais duro, mas se vocês pensarem bem, nada de muito importante aconteceu hoje. E meus segredos morrerão comigo.
Talvez eu não tenha mesmo idade para saber o quanto a vida é dura. Mas não sou um completo imbecil. Mas a dor não para.

Não foi impulso. Tomei essa decisão bem consciente. Ninguém me vê de verdade.
E, ah! Desculpem pela bagunça. Depois dessa, jamais haverá outra.

domingo, 22 de abril de 2012

Summer Interior, de Edward Hopper

A gente cresce e nem vê. As coisas dentro da gente mudam tão devagar.
Me perdi por ai. Perdi mesmo. Mas consegui achar o fio para tentar achar a solução.
Aprender sobre pessoas é interessante, observar torna a gente meio frio e neutro até pra analisar a gente mesmo. E a gente descobre que quer mais é ficar cada vez mais ali, só olhando.
Não leio mais revistas adolescentes. Aos poucos meus sites em "favoritos" mudaram. Minhas roupas, minha lista de músicas, meus amigos. Os seus também. E mais um monte de coisa.

Não leio livros mais para provar coisas sobre mim, nem para competir. Não me visto para chocar. Não me torturo, mas não me safo de mim mesma. Meu corpo ganhou outros significados, morte, meu quarto, poesia e caixas com cartas também, estrelas não são só estrelas, falar não é só falar, café tem outro gosto, banho também. E mais um monte de coisa.
Não me assusta mais perceber que ficar sozinha é mais do que um desejo.

Quero mais é não ter essa sensação de estar sob observação, medo, vergonha...
Quero mais é acordar sozinha.
Quero mais é o que Hopper quis dizer.
Quero mais é me desprender.
Quero mais é olhar pra fora, transformar pra dentro e aprender.
Quero mais é café igualzinho ao da minha mãe. Quero mais é banheira, incenso e quadros de Hopper.

Gosto dele a ponto de batizar meu blog assim e cansei de esconder, sabe-se lá por quê.
E mais um monte de coisa.